A CAMINHO DO NUNCA, é a última obra de Jaime Gralheiro, publicada pela editora HUMUS. Com lançamentos em Viseu, Coimbra e Lisboa, foi apresentada pelo próprio autor na GALERIA VIEIRA PORTUENSE, (Largo dos Lóios,50, da cidade do Porto), no dia 25 de Setembro, pelas 18 horas.
Jaime Gralheiro diz que a obra «É uma síntese poética entre o romance e o teatro, com laivos memorialistas e de ensaísmo histórico. A linguagem é diferente, ninguém escreve e ninguém diz como eu. O estilo pode fazer lembrar o Aquilino, face aos muitos regionalismos. De vez em quando, Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões, tudo autores com quem tenho um trato próximo. Também passo por Garrett, Herculano, Eça e Antero. Todos estão lá. É um texto com ressonâncias da escrita moderna»
«Em 1990, fui convidado a escrever uma série para a TV sobre a geração de 60, mas nunca foi levada à cena. Passados 12 anos voltei ao texto e fiz coisa nova: o retrato em carne viva e em grande de uma geração que se empenhou num combate sem tréguas por um mundo melhor».
Combate falhado? Diz Jaime Gralheiro: «O grande povo não falhou, mas tem sido condicionado por muitas barreiras que nunca o deixaram ser. A grande matriz do Povo Português está no século XVI, no advento das Descobertas. Mas o povo já tinha passado pela Revolução de 1383. O povo correu com o rei espanhol, embarcou nas caravelas, em certos momentos tomou nas mãos a sua História. Camões é lembrado como o grande ideólogo deste povo e Fernão Mendes Pinto esquecido como o grande pirata. Este povo foi metido no colete-de-forças da Inquisição. Fomos apertados numa tenaz com dois braços, o Concílio de Trento e a Inquisição. E esta tenaz condicionou Portugal até ao 25 de Abril de 1974»
A caminho do nunca, os sonhos da geração de sessenta? «Penso que sim. Mas realizaram-se alguns sonhos. Até aqueles desgraçados que descobriram o caminho terrestre para França, a geração da mala de cartão, os que emigraram, realizaram alguns sonhos. Hoje ninguém fala neles, mas também sonharam. Nós lutámos em 1962 em Lisboa e Coimbra, fizemos tremer o regime. A Academia de Coimbra escreveu páginas de luta empolgantes em 1969. Nessa altura já éramos muitos. Chegámos a pensar que o tempo novo estava ao virar da esquina. Esta convicção de que o sonho estava nas nossas mãos é que gerou um grande entusiasmo, que se prolongou até ao 25 de Abril. Mas de repente tudo se esfumou. O Baptista-Bastos diz que estamos condenados a perder todas as revoluções em que nos metemos, mas eu não quero acreditar nisso».
Jaime Gaspar Gralheiro é advogado, dramaturgo e encenador, nascido em Macieira, freguesia de Sul, concelho de S. Pedro do Sul, no dia 7/07/930.Fez parte do Liceu, até ao 5º ano, em Lamego (Colégio de Lamego) e o resto no Porto (Colégio João de Deus).Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com a nota final de bom.Após o estágio em Viseu (56/58) monta escritório de advogado em S. Pedro do Sul e passa a exercer a profissão de advogado em toda a Região de Lafões (S. Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades) depois, por todo o Distrito de Viseu e, mesmo, por todo o País.Intervém em milhares de processos judiciais, acabando por se especializar nas questões dos Baldios, direitos reais e acidentes de trânsito (sendo advogado de uma Seguradora, ao longo dos últimos trinta anos). É Delegado da Ordem dos Advogados em S. Pedro do Sul, desde o início da década de 70.Interveio em todos os Congressos dos Advogados Portugueses, Assembleias-gerais e outras realizações da classe.Como jurista escreveu um “Comentário à(s) Lei(s) dos Baldios”, e outros artigos técnicos, em revistas da especialidade. Como dramaturgo escreveu as seguintes peças teatrais:- 1949-“FEIA” ( publicada na revista Inicial do Colégio João de Deus - Porto)- 1962- “EPIFÂNIO LACERDA” (mais tarde publicada com o nome de “Paredes Nuas” - representada pelo “Aurora da Liberdade”, Matosinhos, em 1964);- 1963- “BELCHIOR” (representada por várias colectividades, depois do 25 de Abril de 1974);- 1964- “RAMOS PARTIDOS” (estas três peças foram publicadas, em 1967, num livro único, sob o título genérico de Teatro - edição de Autor); - 1964- “FARRUNCHA” (infantil; publicada em 1975 pelo FAOJ, representada inúmeras vezes, por vários grupos de teatro, Escolas e colectividades); - 1967/68- “O FOSSO” (publicada em 1972, como nº 1 da Cena Actual do Jornal do Fundão, representada, clandestinamente no TUP, por um Grupo de Amadores dos arredores do Porto, antes do 25 de Abril de 1974 e por várias colectividades, designadamente pelo TEB (Barreiro) depois desta data);- 1973- “NA BARCA COM MESTRE GIL” (publicada em 1978 pela editorial “Caminho”, representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul, após o 25 de Abril de 1974 e por outros Grupos de Amadores. Foi o último texto integralmente proibido pelo “Exame Prévio” fascista. 2ª edição revista e actualizada no Prelo (Caminho) e em ensaios no Cénico. Leitura aconselhada no Ensino Secundário. Representada, também, pelo CITEC (Montemor o Velho); Teatro Construção de Joane e em vários outros Grupos e Escolas).- 1975- “ARRAIA MIÚDA” (publicada em 1976 pela editorial INOVA; representada pelo “Cénico”; TEUC; TEC e outros Grupos de Amadores. Leitura aconselhada no Ensino Secundário).- 1976- “D. BELTRÃO DE REBORDÃO” (infanto-juvenil; inédita; representada pelo “Cénico”).- 1977- “O HOMEM DA BICICLETA” (dramatização do romance de Manuel Tiago: “Até amanhã, camarada”; publicada pela SPA em 1982); representada pelo “Cénico”).- 1978- “VIERAM PARA MORRER” (3º prémio da SEC, publicado pela Moraes, em 1979).- 1978- “LAFÕES É UM JARDIM” (1 ª versão; inédita);- 1980- “ONDE VAZ, LUIZ?” (publicada pela editorial Vega em 1983; representada pelo TEC , numa encenação notável de Carlos Avillez; pelo “Cénico” numa encenação do A. e pelo Teatro Construção de Joane).- 1982- “LANDARILHO, UM SEU CRIADO” (inédita);- 1986- “O GRANDE CIRCO IBÉRICO” (1º prémio do Concurso do CITAP/ Amadora, 1989; no prelo - D. Quixote/SPA);- 1987- “A LONGA MARCHA PARA O ESQUECIMENTO” (representada e publicada pelo CETA, Aveiro, em 1987);- 1989- “SERÃO PARA TRABALHADORES?” - menção honrosa do Citep/Amadora esse ano (inédita).- 1989- “O SOLDADO JOÃO”- teatralização do conto com o mesmo nome de Luisa Ducla Soares. Infantil. Inédita;- 1990- “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”- série televisiva exibida: participou com dois textos, no 1º episódio; - 1990- “MINHA LOUCURA OUTROS QUE A TOMEM...” (série televisiva; inédita);- 1990- “LAFÕES É UM JARDIM” (2ª versão) representada pelo “Cénico” (inédita em livro);- 1991- “AMOR DE PEDRA” - didático-infantil. Inédita.- 1992- “ERA UMA VEZ UM CORAÇÃO”, teatralização de um texto didático do Prof. Políbio Serra e Silva - representada pelo “Cénico/Infantil” (inédita em livro) - 1995- “CO-MU-NI-CA-ÇÃO!”. Brincadeira infantil. Inédita.- 1995- “É(H) MEU!” (para adolescentes). Representada pelo “Cénico/juvenil em 1995/96; em vias de publicação pela D.Quixote/ SPA).- 1996- “EUREKA! - ou a Alegria da Descoberta”, infanto-juvenil, em ensaios no “Cénico/Juvenil”. Inédita.;- 1997- “GRAÇAS E DESGRAÇAS D’EL-REI TADINHO” (infantil) - teatralização do conto de Alice Vieira com o mesmo nome.- 1997- Homenageado como Autor do Ano, pelo 7º Ciclo de Teatro de Autores Portugueses (CITAP/Amadora) com exposição da sua obra (autor e encenador) e sessão pública de homenagem (Maio).- 1997- Recebeu o Galardão do Centenário do Nascimento da patrona da Casa-Museu Maria da Fontinha (10 de Junho ).- 1997- Homenageado, por toda a sua obra, pela revista ANIM’ARTE de Viseu, em 12 de Julho .- 1998- “NA BARCA COM MESTRE GIL”, nova versão rescrita (inédita).- 1998 – Atribuição da Medalha de Mérito Cultural, pelo Sr. Ministro da Cultura (8 de Maio).- 1998 – Indigitado para receber o Diploma e Medalha de Instrução e Arte, atribuida pela Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio (a ser concedida em 31 de Maio).- 1999 – 2ª edição de “Na Barca Com Mestre Gil” e “Arraia Miúda” – Ed. Sindicato Professores da Região Centro.- Na área da historiografia escreveu, ainda: “História do Cénico - ou 25 anos de um País através de uma associação de cultura e recreio” (1996) - inédita.- Em 1971, funda com José de Oliveira Barata e Manuela Cruzeiro, o “Cénico - Grupo de Teatro Popular” de S. Pedro do Sul.- Desde a sua fundação, tem dirigido, artisticamente, o “Cénico”, encenando em conjunto com José O. Barata, os seus três primeiros espectáculos: “Auto da Compadecida” de Areano Suassuna; “Sapateira Prodigiosa” de Federico Garcia Lorca e “Na Barca com Mestre Gil” da sua autoria;- A partir de 1975 passa a encenar, sozinho, todos os espectáculos montados pelo “Cénico”: “Arraia Miúda” ( 1975/76); “O Homem da Bicicleta” ( 1977/78); “D. Beltrão de Rebordão” (1988/89); “A Grande Jogada” de José Viana (1980); “Viva o Lobo Mau” e “Farruncha” (1985); “Lafões é um Jardim” (1990/91); “Onde Vaz, Luiz?” (1991/92); “Era uma Vez um Coração” (“Cénico/infantil”; 1992/93); “Tartufo” de Molière/Llovet (1993/94); “Viva o Lobo Mau” e Farruncha (“Cénico/Infantil; 1994/95) e “É (H) MEU!” (“Cénico/Juvenil” : 1995/96);“Vem aí o Zé das Moscas” (Cénico/Infantil) de António Torrado que subiu à cena em Maio de 97.- Interveio em todos os Congressos, várias Assembleias e inúmeras Reuniões que, sobre o Teatro, se realizaram em Portugal, desde 1971, até ao presente.Obteve vários prémios de Teatro, quer como autor quer como encenador (3 primeiros) e outras menções honrosas.Foi considerado o Autor português mais representado no ano de 1978.Tem desenvolvida uma intensa actividade cultural, na área do Teatro, junto das Escolas (mais de cem acções, com a duração de cerca de 3 horas, cada, em toda a Região Centro: desde Cinfães (Viseu/norte) até à Caranguejeira (Leiria) e desde Esmoriz (Aveiro/norte) até ao Fundão ( Beira Baixa). (Nota 2)Nomeado formador pelo Conselho-Pedagógico da Formação Contínua do Ministério da Educação, nas áreas do Direito e Expressão Dramática (18/9/96).Tem escrito em jornais (“DL”, “República; “Diário” e “DN” - onde durante quase um ano (1995/96) manteve uma crónica semanal. Também colabora em jornais e rádios locais, designadamente na “Rádio Noar” de Viseu, onde, desde os princípios de 96, atira, semanalmente, para o ar a ironia das suas crónicas de evocação histórico-cultural de uma cidadezinha de Província, que tendo começado em 1941, já vão em 1974...Foi Presidente suplente Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) na década de 80, e foi Vice- Presidente da Mesa da A.G. da mesma SPA, desde 1989 a 1997.Ao lado da sua actividade profissional e artística, desenvolveu uma aguerrida actividade política, tendo, antes do 25 de Abril de 74, participado, desde 1965, em todas as “campanhas eleitorais” pela Oposição Democrática e no 2º e 3º “Congresso de Aveiro”, tendo, neste dirigido a secção de “Desenvolvimento Regional”.Depois do 25 de Abril de 1974, foi o primeiro Presidente da Comissão Administrativa da Câmara de S. Pedro do Sul, de onde foi “corrido” no “Verão Quente de 75”.Desta “explosiva” experiência e como se fora um “testamento”, nasceu a “Arraia Miúda”.Encabeçou a candidatura do MDP/CDE, à Assembleia Constituinte, pelo distrito da Guarda. Depois disso, até aos anos de 90, foi sempre candidato (normalmente cabeça de lista) do PCP às várias eleições legislativas, pelo distrito de Viseu. Nunca foi eleito.Pela mesma força política concorreu, várias vezes, às eleições autárquicas, em S. Pedro do Sul, tendo sido eleito vereador, em 1978, e para a Assembleia Municipal, sempre que concorreu.Presentemente, “assumiu” o papel de “consciência histórica da Esquerda”, no distrito e Viseu...
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